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O lagosta

Yorgos Lanthimos

The Lobster
(O Lagosta)

Data de lançamento: 16 de outubro de 2015
Diretor: Yorgos Lanthimos
Elenco: Collin Farrell, Rachel Weisz

"O Lagosta" é uma obra cinematográfica desafiadora que mergulha profundamente na sátira de uma sociedade distópica. É um filme que exige do espectador a disposição para explorar suas camadas de absurdo e ironia, desafiando as noções convencionais de amor, identidade e liberdade.

Colin Farrell, Rachel Weisz e Léa Seydoux oferecem performances que se destacam pela sua singularidade no contexto peculiar do filme. Embora possa parecer uma falta de profundidade emocional à primeira vista, essa abordagem é, na verdade, a chave para entender a mensagem subjacente do filme. A ausência aparente de emoções genuínas em um mundo onde o amor é institucionalizado e forçado revela a crítica afiada que o filme faz sobre as noções contemporâneas de relacionamentos e conexões humanas.

A sociedade distópica retratada, onde os solteiros são perseguidos e pressionados a encontrar um par romântico sob ameaça de transformação em animais, serve como um espelho distorcido de nossas próprias pressões sociais. A transformação em si mesma é uma punição que ilustra o extremo da busca por aceitação e amor, satirizando a obsessão da sociedade contemporânea por padrões de relacionamentos. A fusão de elementos de humor ácido e desconforto social (caso tenha bom senso) é uma marca distintiva do filme, desafiando a audiência a confrontar sua própria compreensão das normas sociais e da pressão para se conformar a elas.

A narrativa, embora desconcertante em sua abordagem, revela uma profundidade inerente que incita à reflexão sobre a natureza humana e a busca incessante por conexões significativas. A fotografia do filme não passa despercebida, com um filtro frio mas ao mesmo tempo vivo; as cenas se entrelaçam no sentimento da história. Com foco em quadros aparentemente desnecessários, trazem mais naturalidade ao filme. Quem nunca se pegou olhando fixamente um ponto aleatório? A filmagem em 60fps ajuda nas jogadas de câmera lenta, onde tudo fica ainda mais dramático até para os figurantes. Com uma trilha sonora melancólica, o sentimento se reforça.

Em última análise, "O Lagosta" é uma obra que se destaca não apenas por sua originalidade e visão distinta, mas também pela coragem em desafiar convenções, oferecendo uma reflexão ousada sobre as complexidades e absurdos de nossas estruturas sociais e emocionais.